sábado, 18 de setembro de 2010

Boa educação para além da mera informação fatual

          Estou iniciando meus estudos na área de arquitetura e por indicação da professora Carol Heldt, pude conhecer o livro Bauhaus: Novarquitetura. Queria compartilhar com quem por interesse ou curiosidade queira saber um pouco mais sobre.



Segue um trecho escrito pelo próprio Walter Gropius:

          “Até agora fomos bem sucedidos em dar a conhecer aos nossos filhos as conquistas do passado, mas não em encorajá-los a formular seus próprios pensamentos. Fizemo-los estudar de modo tão intensivo história da arte, que não dispõem mais de tempo para se exprimirem artisticamente. Depois, quando adultos, nutrem idéias tão bitoladas sobre arte, que deixam de considerá-la algo a que lhes é dado livre acesso por meio da criação própria [...] Estou convencido, entretanto, de que há capacidades artísticas em todo ser humano; só que hoje os valores mais profundos da vida são prejudicados porque o acento principal de nossa existência repousa em coisas secundárias, tais como o comércio enquanto fim em si e o lado puramente prático desta ou daquela ocupação. O “espírito de comércio” desalojou a necessidade de uma vida harmônica, como a que era própria de épocas anteriores. Todo nosso sistema de educação visa formar o homem, o mais depressa possível, para o trabalho especializado. Tão logo termina o tempo feliz da infância, a pessoa é circunscrita a um único setor de sua vida, e assim perde cada vez mais o sentido inato para a totalidade da vida [...] A coragem para pesquisar novos campos da experiência humana desaparece em nosso sistema de produção com sua finalidade puramente material. Sem dúvida, a educação sofreu consideravelmente com a supervalorização dos aspectos materiais e com uma concepção intelectual unilateral.”

          Escolhi esse trecho pela clareza com que o autor trata de uma problemática tão presente em nossas vidas. Nos acomodamos a uma realidade nem um pouco saudável. Algo que consome o melhor dos indivíduos deveria ser inaceitável. O Ser Humano passa de seu patamar imaginário de superioridade para a mais completa miséria ideológica, material, mental e qualquer outra que corroa os corpos enquanto assistem a mecanismos alienantes fecharem suas entranhas e lhe privarem a vida.  
Salve Gropius!


          A Bauhaus surgiu como uma tentativa de unir todas as formas de trabalho criativo. Com a intenção de exercer “influência viva no design” construiu novas formas de desenvolver a “consciência criadora” e principalmente na arquitetura foi capaz de aliar projeto às novas possibilidades que surgiam com a indústria, “materiais da sociedade moderna”, recentes necessidades sociais e humanas. Foi fechada em 1933 por determinação dos nazistas.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

CINEMA - ESTUDO I (*Didático)

*Este é um brevíssimo estudo cinematográfico feito por mim, que dará início a dicussões sobre cenários, direção de arte, cores e afins.

A palavra Cinema deriva do grego kino, que significa movimento. Cinemática é a ciência do movimento e cinematografia ou cinegrafia a sua grafia ou transposição gráfica.


Representar os seres vivos ou elementos naturais em movimento sempre foi um desejo humano e as primeiras tentativas foram através das esculturas e desenhos. Sejam as esculturas gregas que parecem ter vida própria ou os desenhos em perspectiva e profundidade de Leonardo Davinci.


O que já se podia ver no século XI era uma cena animada a partir das
representações de diversas fases de uma mesma ação.

Outras manifestações aconteciam no continente asiático com as sombras chinesas (foto à direita), onde atores contavam histórias utilizando – como já se refere o nome – luzes e sombras.

O abade Nollet, preceptor de Luis XV fala em seus escritos de
“placas mecanizadas de projeção”, onde as figuras têm movimentos
que parecem animá-las. Também usava entre outras coisas, o que se chamava de “lanterna mágica” e se parecia um pouco com os nossos modernos projetores de eslaides.

O início das grandes descobertas que são estopim para a origem ao cinema acompanha o período da primeira revolução industrial que vai de 1760 a 1860 e grandes invenções como a invenção da lâmpada incandescente em 1878 (que alguns dizem ter sido inventada por Thomas Edison, outros dizem que ele apenas comprou a patente da invenção).
 
O que é chamado de segunda revolução industrial ocorreu a partir de 1870, quando novas mudanças aconteceram na econômia da Europa, baseada na descoberta de novas fontes de energia e avanços científicos e técnicos.


A indústria elétrica revolucionou a iluminação, o transporte e as
telecomunicações. A indústria química gerou grande impulso
com a criação de fertilizantes, produtos sintéticos, explosivos e
produtos farmacêuticos. No setor siderúrgico enormes quantidades
de aço são produzidas a preços baixos.

Porque ressaltar a revolução industrial nessa pesquisa sobre cinema:

A descoberta de novas fontes de energia é fundamental para as projeções. Além da energia, as descobertas do setor químico também influem nas revelações de negativos. E politicamente falando, a massificação do proletariado é tema de diversos trabalhos da época e praticamente a burguesia e a classe média eram as únicas a ter acesso às projeções cinematográficas.

No começo do século XIX, os ingleses Fitton e Paris inventaram o 
TAUMATRÓPIO. Constituído por um disco, no qual estão
representados dois desenhos bem distintos: Ex. de um lado um
passarinho e do outro uma gaiola. Fazendo girar o disco a 15 rotações
por segundo, no mínimo, tem-se a impressão de que o passarinho
entrou na gaiola.

Em 1829 e 1833, Joseph Plateau, inventa o FENACISTOSCÓPIO (figura de
baixo à direita).

São dois discos de papelão. Num deles estão desenhadas diferentes
fases de um movimento, o outro tem fendas feitas de maneira
tão regular quanto às imagens. Fazendo-se girar os dois discos,
tem-se a impressão de ver o movimento acontecer e repetir-se.

Existiram vários inventos como o Praxinoscópio, datado de 1877, por Émile Reynaud, porém todos esses apresentavam o mesmo inconveniente, cada “cena” continha um número muito reduzido de imagens, apenas doze.
 
No dia 14 de Janeiro de 1889, Émile Reynaud registra patente do “Teatro óptico” (figura à baixo). Um sistema de tiras flexíveis perfuradas. E através de um espelho manda projetar suas criações numa tela transparente ou parede branca. Émile Reynaud foi o precursor do desenho animado.
 
 
 
*O olho humano:


A retina segura uma substância a “púrpura retiniana”, a qual é como que decomposta pela luz, mas se regenera rapidamente. Porém, essa rapidez não é suficiente para impedir uma ruptura instantânea na visão. Cientistas calcularam que o tempo de regeneração da púrpura retiniana é de aproximadamente 1/12 de segundo. (atualmente é utilizada a velocidade de 23, 24, 25 ou mais imagens por segundo). Nessas condições, se olharmos imagens que desfilam a um ritmo superior a doze por segundo, teremos a impressão de que elas sucedem ininterruptamente.


*Primeiros passos da fotografia:


Em 1816, na França, Nicéphore Niepce, consegue fixar
numa placa de vidro, com ajuda de uma câmara escura
a paisagem que vê de sua janela. É a primeira fotografia
do mundo. O vidro estava engraxado com um produto
chamado betume da Judéia.

Após algum tempo Louis Jacques Mandé Daguerre, continuou sua pesquisa, porém procurou obter apenas imagens positivas, isto é, imediatamente legíveis, os chamados “daguerreótipos” (figuras a baixo), porém eles não podiam ser reproduzidos. E por volta de 1835, o inglês Fox Talbot consegue obter numa placa fotográfica coberta com sais de prata, a primeira imagem negativa.




*O primeiro a registrar movimento, foi o médico Francês Etienne Jules Marey, inventou o Odógrafo, medidor da velocidade de máquinas que se converteu à fotografia depois das descobertas de Jules Janssen. Da nova técnica, Marey aperfeiçoa o “revólver fotográfico” e construindo em 1881, uma “espingarda fotográfica” que funcionava à velocidade de 20 imagens por segundo, em 1887 desenvolve o “cronofotógrafo à placa fixa”.
 
 
 
Bibliografia: (ou parte dela)
- História breve do cinema - Manuel Moutinho Murias (Editorial Verbo)
- Os irmãos Lumiere e o cinema - J. Foreit e Ph. Brochard (Editora Augustos)
- Introdução a uma verdadeira historia do cinema - Jean-luc Godard
- Hisória Universal - William McNeill
 
 
*Logo o estudo II estará disponível, qualquer contribuição será bem vinda por tanto peço a todos que se tiverem alguma colocação, sugestão ou crítica que me mandem pelo email: mayara.pattoli@yahoo.com.br